segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Raízes do riso

Para que a nossa alegria não seja devaneio, mas sim felicidade!

”Para Pirandello, o cômico nasce de uma “percepção do contrário”, como no famoso exemplo de uma velha já decrépita que se cobre de maquiagem, veste-se como uma moça e pinta os cabelos. Ao se perceber que aquela senhora é o oposto do que uma respeitável velha senhora deveria ser, produz-se o riso, que nasce da ruptura das expectativas, mas, sobretudo, do sentimento de superioridade. A “percepção do contrário” pode, porém, transformar-se num “sentimento do contrário”- quando aquele que ri procura entender as razões pelas quais a velha se mascara, na ilusão de reconquistar a juventude perdida. Nesse passo, a velha da anedota não mais está distante do sujeito que percebe, porque este pensa que também poderia estar no lugar da velha - e o seu riso se mistura coma compreensão piedosa e se transforma num sorriso. Para passar da atitude cômica para a atitude humorística, é preciso renunciar ao distanciamento e ao sentimento de superioridade.”

Adaptado de Elias Thomé Saliba, Raízes do riso

Homeopatia e Espiritismo

Um fato que, já há algum tempo, chamou a minha atenção relaciona os princípios ativos e filosóficos da Homeopatia com os ensinamentos conquistados pela Doutrina Espírita, no que tange a cura, momentânea ou durável, do paciente. Explanarei sobre ambas, a seguir, de modo bem superficial, e posteriormente evidenciarei minha incógnita.

De modo geral, a Homeopatia vê a doença como uma alteração da energia vital do indivíduo, ou seja, um fator, ou a somatória de fatores, provoca, de acordo com a resposta do paciente, um desequilíbrio dessa energia, o qual inicia o processo de doença. Além disso, indica que há três diferentes “personalidades humanas”, existente cada uma desde o momento da união de gametas: psora, psicose e syfilis, sendo que cada uma tem uma característica peculiar de posicionamento perante a vida. Por exemplo: uma pessoa é geralmente psora, mas pode, em determinadas ocasiões, manifestar seu lado psicose. Desta forma, o remédio homeopático altera a energia do paciente, permitindo o seu fluxo normal e saudável, potencializando ou alterando as “personalidades humanas”, de acordo com o que é necessário para o indivíduo em determinado período ou momento da vida.

Por outro lado, o Espiritismo nos clareia sobre a existência do espírito encarnado, que possui um pensamento seu, uma experiência própria e que vive em um corpo com a finalidade de se adaptar no mundo material. Em adição, por se acoplar em um corpo material, esse espírito não se manifesta por completo, ou seja, toda a sua capacidade é limitada a certas particularidades tidas como essenciais para a vida material presente, por meio de estruturas corporais suas. (Comandadas por seu código genético). Vale ressaltar, ainda, sobre o perispírito, que é um “molde” semi-material, ou material menos denso que o corpo, do espírito, e por isso reflete todas as qualidades do mesmo (boas ou más), não manifestas em sua totalidade na vida analisada. O perispírito, por fim, é essencial para a vida do espírito no corpo material.

Chegamos, agora, na incompreensão minha. Se o remédio homeopático consegue alterar a personalidade do homem, será que 1) ele altera a estrutura perispiritual do indivíduo, permitindo que sejam manifestadas potencialidades do próprio espírito até aquele momento impedidas de serem manifestadas?; 2) atua no código genético (ver epigenética), possibilitando minuciosas alterações do soma as quais permitiriam as manifestações existentes no perispírito?; 3) altera a estrutura psicológica do indivíduo? (com a necessidade, aqui, de se avaliar qual é a natureza da psique humana (material, mistura entre matéria e perispírito, existente somente com a encarnação, ou propriedade intrínseca do espírito)); 4) age somente nos órgãos físicos, permitindo sua reabilitação?

De qualquer maneira, é fato que a Homeopatia possui aproximação visível com a Doutrina espírita, seja nesta questão abordada, seja em outras muitas não analisadas ou desconhecidas por mim. Porém, a questão aqui colocada é de suma importância, uma vez que anseia desvendar os mecanismos de ação dos medicamentos homeopáticos, ainda desconhecidos.