segunda-feira, 19 de julho de 2010

Educação do ser humano (II)

A Ciência atual, de modo geral, se pauta na dissociação entre o subjetivo e o objetivo, ou seja, o pesquisador, na maioria das vezes, não pode deixar evidenciar o seu lado subjetivo, uma vez que a resolução de problemas, a formulação de teorias e a comprovação de hipóteses devem surgir da observação dos fatos. A subjetividade do pesquisador se concentra, então, no impulso pelo conhecimento, mas não no que ele assimila.

Desta forma, podemos perguntar novamente: como um fato externo a mim pode impulsionar uma criação educacional que se origina de minha intimidade subjetiva? (Vale ressaltar que a verdadeira educação nasce do interior do indivíduo, já que a “educação” não assimilada interiormente se torna obrigação, dever, imposição autoritária, sem questionamento; instrução).

C. G. Jung, psicólogo, por sua vez, nos traz o conceito de unus mundus: “tudo o que acontece, seja como for, acontece no mesmo único mundo e é parte deste”, o que no Espiritismo é denominado de Fluido Cósmico Universal (está no tudo que o espírito faz). A partir desse conceito, podemos entender a seguinte frase, da psicanalista M. L. Von Franz: “a psique e a matéria sejam um mesmo fenômeno observado respectivamente do interior e do exterior”. Portanto, todo o fato, em si mesmo, é derivado de uma lei da Natureza, ou seja, é um ato externo, objetivo, originado de uma subjetividade (interioridade, intimidade) da própria Natureza.

Assim, a Educação deveria ser pautada na pesquisa, se e somente se, toda pesquisa atribuísse importância maior à interioridade do fato e não unicamente, ou majoritariamente, na sua manifestação sensivelmente tangível, ou então, logicamente tangível, visto que a origem de todo fato é subjetiva (subjetividade da Natureza, divina). Poderíamos generalizar que todo processo educacional surge do exemplo daquele que educa, em qualquer método de educação. Ou seja, a partir de um conhecimento objetivo, o educador tem condições de recheá-lo com a sua subjetividade para então atingir a subjetividade de seu interlocutor, não apenas o instruindo, mas também o educando.

Para nós, por fim, Einstein está correto, já que o plano do fato analisado por ele é o plano objetivo, porém destituído de sua essência: o plano subjetivo. Torna-se necessário, então, conhecer e entender o caráter subjetivo dos fatos, para que então se assimile o valor divino existente nos mesmos.

Um comentário:

  1. Acredito que educar seja descobrir as potencialidades do educando e também suas dificuldades. Há que estimular a vocação mas também que auxiliá-lo no que ainda precisa aprender. Pesquisar pode ser um dos caminhos possíveis, dependendo do que se pretende aprender em cada nível de ensino. Um exemplo interessante de pesquisa-aprendizado é a Escola da Ponte, de Portugal, na qual todo o método de estudo é baseado em pesquisas, leituras e atividades práticas. Já na questão da subjetividade, acredito ser impossível o total distanciamento. Ela está presente já no momento da escolha do assunto a ser pesquisado. Em ciências humanas, isso é ainda mais evidente. Cada pessoa tem até mesmo seu estilo de escrita, evidenciando sua personalidade, ou seja, sua subjetividade. Não acredito que seja mesmo desejável tal distanciamento, uma vez que nossa própria intuição nos direciona, por vezes, a caminhos que gerarão descobertas impensadas.
    Joana

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